quinta-feira, 14 de abril de 2011

Leminski; Drummond de Andrade & Kolody




TRADUÇÃO

Também faz parte desta tarefa
de gerar redundância
aumentar o território de legibilidade
ampliar o número de leitores.

(LEMINSKI, Paulo. Ensaios e Anseios Crípticos. Curitiba: Polo Editorial do Paraná. 1997)


O LUTADOR

Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
[...]

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Seleta em prosa e verso. Carlos Drummond de Andrade: estudos e notas do Prof. Gilberto Mendonça Teles. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 1994. p.  188)


Acho intrigante essa questão de lutar com as palavras... Veja só como Kolody luta tão bem com tão poucas palavras e tantos significados...


ÂMAGO

Quem bebe da fonte
Que jorra na encosta,
Não sabe do rio
Que a montanha guarda.
(Helena Kolody)



Quando sonho, sou outra
Inauguro-me.
(Helena Kolody)



“DOM”
Deus dá a todos uma estrela.
Uns fazem da estrela um sol.
Outros nem conseguem vê-la.
(Helena Kolody)



QUEIXA
Tu, Senhor, que repartes os destinos:
Por que me deste o árido quinhão
De sonho, de tristeza e solidão?
(Helena Kolody)



JOVEM


Suporta o peso do mundo.
E resiste.

Protesta na praça.
Contesta.
Explode em aplausos.

Escreve recados
Nos muros do tempo.
E assina.

Compete
No jogo incerto da vida.
Existe.

(Helena Kolody)






PRECE
Concede-me, Senhor, a graça de ser boa, 
De ser o coração singelo que perdoa,
A solícita mão que espalha, sem medidas,
Estrelas pela noite escura de outras vidas
E tira d'alma alheia o espinho que magoa.


(KOLODY, Helena. Sinfonia da vida. Curitiba: Polo Editorial do Paraná. 1997)



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